Sendo comemorado no 15º dia do 8º mês do calendário lunar, o Festival da Lua ou o Festival do Meio do Outono simbolizam o agradecimento dos chineses para com a Lua e as bençãos que lhe foram dadas pela mesma, além de proporcionar reuniões familiares e regresso a casa-mãe.
Este festival tem origem de uma cultura agrária, onde era observado que a colheita poderia ser abundante ou não, apenas observando as fases e o comportamento da lua, e por isso um dos objetivos do festival é agradecer a lua pela colheita. Ainda durante esta comemoração, é normal fazer confraternizações em família simbolizando a volta para a casa-mãe, por conta do caráter feminino e maternal da lua, pois acredita-se que se o sol é representado por um deus, a lua é simbolizada por uma deusa.
A LUA E SUA FEMINILIDADE
Os mitos podem ter várias versões, mudando a forma como são contados desde o dia do seu nascimento até os dias de hoje, mas uma das versões que indica o caráter materno e feminino do astro noturno, se deve a lenda de deusa Seong Ngó.
Esta história começa com o arqueiro lendário Hau Gnai, que derrubou os nove sóis e salvou a humanidade da fome e do caos, enquanto que Seong Ngó além de ser uma mulher de beleza estonteante, era uma grande admiradora dos feitos de Hau Gnai, e por conta disto não demorou muito para que se apaixonassem, não demorando a casar. Hau Gnai agora tinha seguidores, ensinando sua arte aos mais necessitados destes, para que pudessem caçar e sobreviver, entretanto um destes fez com que Hau Gnai começasse a se convencer que ele merecia muito mais, que ele merecia ser adorado e ter um templo em recompensa a seu ato de salvar a humanidade. Seong Ngó foi contra, rogava para que o marido continuasse a ser humilde e não desejar tanto poder, o arqueiro fica confuso e vai se aconselhar com a imperatriz, de quem ganhar o elixir da imortalidade, onde ele deveria decidir se tomaria sozinho e subiria aos céus, ou se o dividiria com sua amada, Hau Gnai decidi que o beberia com Seong Ngó. Ao voltar para casa, entretanto, Hau Gnai é surpreendido por seu discípulo que também deseja o elixir e acaba por matar o arqueiro, Seong Ngó se recusando a dividir com o assassino de seu amado, bebe o elixir sozinha e ascende aos céus, para sempre sem o seu amor.
Mas claro, isto é uma das explicações de o porque a Lua ser considerada uma representação da mulher, mas durante anos e em muitos outros países, a Lua era vista como um astro feminino. O culto à lua a muito é reservado como um culto reservado à mulher, sendo a principal companheira e inspiração de amantes e poetas, além de ser possível regular através de suas faces os ciclos de fecundidade e da vida.
Havendo até mesmo o costume na China, de famílias onde haviam filhos solteiros, queimavam incensos à Lua, pedindo assim para que o amor surgisse em suas vidas. Além de também haver uma tradição de que mulher casadas e inférteis, deveriam ser banhar com a luz da lua no dia do festival, pedindo para que gerassem filhos.
Pois o Festival da Lua também celebra a fertilidade que é representada pelo coelho.
O FESTIVAL DA LUA
A primeira festividade para a celebração deste astro, remonta à dinastia Shang (que durou de 1600 – 1046 a.C.) onde os imperadores pediam por boas colheitas, e na dinastia Zhou os ricos e nobres puderam passar a ofertar e desejar a lua também. O festival da lua acabou por se tornar algo popular apenas na dinastia Tang (618-907) e se enraizando fortemente até os dias de hoje na dinastia Song.
Tradicionalmente nos festivais é usada uma tabuleta repleta de frutas – especialmente melões – e os famosos bolos de lua que surgiram como uma forma de comunicação para as ações contra os mongóis tendo um significado patriótico.

As frutas devem ser cortadas como pétalas de flores de lótus, e após a cerimônia de adoração à lua, os familiares reunidos comem as frutas e os bolos de lua além de também trocá-los entre si com um significado de desejar bons votos, e bebem vinho de osmanto, pois o festival coincide com o nascimento de seus brotos, assim como chá de crisântemo que é a bebida tradicional para acompanhar o bolo de lua e deseja saúde, prosperidade, felicidade e longevidade.
Contudo, cada região da China adiciona uma particularidade que torna este festival único para cada lugar, como por exemplo.
FESTIVAL DA LUA EM OUTRAS REGIÕES
No condado de Zezhou, as montanhas Jueshan são muito conhecidas por sua adoração à lua, pois por sua altura e localização, proporcionam um espetáculo único da lua cheia no festival, que neste condado pode durar até 3 dias. Iniciando no 13º dia do 8 mês lunar, as pessoas prepararam frutas e sobremesas e fermentam massa de farinha, no segundo dia os bolos de lua são feitos, e no último dia há a visita as avós maternas, visita a templos e o ato de presentear familiares e amigos com bolos da lua – inclusive é costume nesta região que um dos bolos de lua dados as avós, esteja mordido, indicando que a filha está se alimentando bem e está segura.

Em Guangzhou, as crianças prendem lanternas de todos os formatos em pedaços de pau na noite do festival, e competem para ver quem consegue levantá-las mais alto.
Em Hong Kong, têm-se a Dança do Dragão de fogo de Tai Hang realizada durante o festival, que é proveniente da lenda, do vilarejo de Tai Hang que foi afligido por uma praga que conseguiram afugentar, apenas quando um aldeão propôs encenar a dança do Dragão do Fogo em volta da vila, salvando a todos. E desde então a dança continua a ser feita, como uma forma de desejar e orar por um bom tempo e bem-estar para as famílias. Ao fim da dança o dragão é incinerado, representado sua volta aos céus – antes ele era jogado ao mar, mas após uma grande conscientização ambiental isso foi alterado.
CONCLUSÃO
O festival da lua é a segunda maior festa chinesa, ficando apenas atrás do Ano novo Lunar. É uma celebração que representa a conexão do povo chinês com a natureza e a sua tradição, é o momento de reunir a família e ser grato, de desejar coisas boas e deixar o amor transbordar. Reconhecer as bênçãos que recebem durante o ano e senti um aconchego materno.